Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Últimas Notícias > DIÁRIO DO MARAJÓ: TERRITÓRIOS QUILOMBOLAS, RESISTÊNCIAS E DESAFIOS - DIA 4
Início do conteúdo da página
Últimas notícias

DIÁRIO DO MARAJÓ: TERRITÓRIOS QUILOMBOLAS, RESISTÊNCIAS E DESAFIOS - DIA 4

  • Publicado: Segunda, 05 de Junho de 2023, 14h24
  • Última atualização em Segunda, 05 de Junho de 2023, 14h28

Este diário tem como objetivo descrever um relato das atividades desenvolvidas no âmbito da viagem de campo dos percursos 2 e 3 do Curso de Bacharelado em Desenvolvimento Rural da FACDES. As imersões serão conduzidas nos territórios quilombolas de Pau Furado, Deus Ajude, Providência e Mangueiras.

Quarto dia (20 de maio de 2023):

No dia 20 de maio, discentes e docentes da Facdes, pela parte da manhã atravessaram o rio Paracauari para visitar a comunidade quilombola de Mangueiras e fomos recebidos pelo grupo de mulheres Sementes do Quilombo na sede da organização. Esse projeto possui 10 integrantes, 8 mulheres e 2 homens, os quais atuam de forma independente sem apoio institucional. A ajuda vem por meio de professores e alunos e apoiadores diversos da causa quilombola que contribuem para a compra dos materiais utilizados para a confecção das peças (bolsas, acessórios, roupas etc.). O intuito do projeto é incentivar mulheres das comunidades para alcançar a independência financeira. O grupo se fortaleceu em 2019, com a chegada da internet na comunidade e através das mídias sociais. A incentivadora e presidente do Sementes do Quilombo é a Noemi Barbosa, mais conhecida como Tia Noca ou mulher da mala roxa em alusão a mala que sempre carrega quando viaja para divulgar e vender os produtos do grupo em vários lugares do Pará e do Brasil. As peças são carregadas de histórias e reforça a cultura de sua ancestralidade e a transmissão de saberes.

 

Foto 1: Projeto Sementes do quilombo

Autora: Izabele Fabiana

Foto 2: Discentes e docentes em frente a sede

Autora: Izabele Fabiana

Foto 3: Pinturas na sede Semente do Quilombo

Autora: Gardênia Pantoja

Foto 4: Entrada da sede

Autora: Gardênia Pantoja

 

Após a reunião na sede, Noemi acompanhou a turma até o quintal produtivo de uma das moradoras da comunidade, que se chama Marluce. Seu sítio se denomina Uruçu. Notamos a diversidade de espécies frutíferas, medicinais, ornamentais, horta e as criações. As principais espécies, são: maracujá-melão, banana, carambola, macaxeira, taioba, pupunha, laranja da terra, cariru, abacate, mamão, cajarana, tangerina, coco, limão, jaca, cupuaçu, manjericão, oriza, japana, cidreira, babosa, vinagreira roxa e branca, pilão, parol, pimenta malagueta e de cheiro, e as criações de galinhas e patos.

 

Foto 5: Sitio Uruçu

Autora: Gardênia Pantoja

Foto 6: Maracujá-melão

Autora: Gardênia Pantoja

 

Pelo período da tarde houve uma roda de conversa com a dona Cristina que é moradora da comunidade de Salvá e seu Fabiano mais conhecido como Sr. Torrado, que mora em Mangueiras. A conversa prosseguiu a respeito da caça e pesca, e o almoço foi feito baseado na culinária da comunidade como caramujo, turu, camurim e porco. A conversa iniciou-se apresentando e enumerando todas as atividades que são praticadas dentro da comunidade, sendo algumas delas, caça, pesca e atualmente roça. As espécies de caça presentes na região são: jacuruaru, paca, veado, jacaré, tatu, capivara, mucura, preguiça real e comum, macaco guariba, camaleão e quati. As caças são predominantes para consumo das famílias. Sobre a pesca, há os períodos do ano para o desenvolvimento dessa atividade, sendo de janeiro a 30 de abril o período do defeso. A partir do dia 01 de maio até o fim de dezembro a pesca é autorizada. As espécies predominantes são categorizadas pelos nativos como peixe grosso (dourada e filhote) e os que são considerados peixes de bacia ou de lago que são pegos no braço do rio. São eles: tamuatá, piranha, camurim e bacu, além destes peixes, há a apanha de caramujos e turu. Pesca e caça têm um valor muito forte entre os moradores, tanto para a segurança alimentar da comunidade quanto em aspectos medicinais e saberes tradicionais transmitidos entre gerações, como relatou dona Cristina sobre o caldo do turu, que serve como um remédio para derrame, e todas essas atividades aprendeu com seus familiares.

 

Foto 8: Dona Cristina explicando sobre caramujo e Turu

Autora: Gardênia Pantoja

Foto 9: Turu e Caramujo cru e cozido

Autora: Gardênia Pantoja

Foto 10: Camurim assado pelo Torrado

Autora: Ana Flávia Portal

 

Texto: Amanda Lanna, Gardênia Pantoja, William Santos de Assis, Flávio Bezerra Barros

registrado em:
Fim do conteúdo da página